quarta-feira, 9 de julho de 2008

Histórias de João's



João Hélio Fernandes Vieites. João Roberto Amorim Soares.
Não, o que eles têm em comum não é o primeiro nome. O que têm em comum é que eram crianças, de sete e três anos, e tinham suas respectivas famílias, que os perderam tão repentinamente como a água escapa para o ralo. O que têm em comum é que foi na zona Norte do Rio que suas famílias os viram respirar pela última vez, antes de um João ser arrastado, e o outro baleado. Em atitudes grotescas de assaltantes, e atitudes igualmente estúpidas, de policiais.
Se alguém não lembra, João Helio foi arrastado por sete quilômetros pelo cinto de segurança de um carro que ladrões haviam assaltado. A mãe, a irmã e a amiga conseguiram sair do carro, mas o menino ficou ali, pendurado ao cinto, andando em zigue-zague junto com o carro.
João Roberto, nessa segunda, voltava de uma festinha com a mãe e o irmão de nove meses. A mãe viu uma viatura e encostou para dar passagem à polícia, que parou a alguns metros atrás, começando a metralhar: mais de quinze tiros em direção ao carro. Um deles, na nuca de João.
Não sei mesmo o que mais pode chocar as pessoas. Cheia de razões está Martha, quando fala em banalização da violência( leia o texto aqui). Tudo acontece, nada mais apavora. Se apavora, logo esquecem. E se esquecem, é porque não mais apavora. Há tempos as coisas por aqui eram “inacreditáveis”. Passaram a ser triviais.
Enquanto está em foco um crime desses, centenas de outros, igualmente comoventes, estão rolando por aí. Mas só "lembram" do mais chocante (é, a mídia lembra do mais chocante). Que ainda assim, não tarda a ser esquecido.
Quantas histórias de João’s ainda para contar?
Ainda quantos bandidos presos?
E quantos mais policiais “desastrosos”? que faltou nesses policiais? Preparos, treinamento, bom senso, cuidado?
Não queria acreditar que a humanidade caminha a passos compridos para o caos. E seria muito pessimismo da minha parte escrever tudo isso e ficar aqui, parada. Mas, que está acontecendo por aqui?!
Ainda assim, é como diz o Renato. “... e todos acreditam no futuro da nação”.

Um comentário:

  1. Quantos ótimos escritos por aqui, Liciane. Também adorei a visita. BEijos

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