quinta-feira, 14 de abril de 2011

doce 14

Há 19 anos, minha avó segurava um bebezinho na janela do Hospital de Caridade. Erguia como se fora um troféu, a roupinha branca e os cabelos bem pretos. Eu queria entrar e ver o bebê de perto, pegar no colo ou só acariciar o rostinho. Mas o senhor da portaria não deixou uma criança de dois anos e oito meses entrar na maternidade do hospital.
Não sei em que ponto acaba a memória e vem a imaginação, mas talvez seja essa a minha lembrança mais distante. Por vezes acreditava que a lembrança era sonho, e às vezes até confundo e penso que deve ter sido... Mas meu pai e meu irmão confirmam o que a minha memória guarda, e contam que foi mesmo naquele 14 de abril de 1992.
Essa é a mais remota, mas outras vêm à tona como se andasse numa viagem a caminhos bem coloridos. O bebezinho de cabelos pretos chegou e foi a melhor amizade para a loirinha que recém descobria a infância. Uma infância docinha, cheia de barbies, barraquinhas de lençol e castelos de areia. Inevitavelmente... o tempo construiu uma cumplicidade que não se compra, não se vende, não se substitui.
Muitos puxões de cabelo, arranhões que cicatrizaram, palavrinhas proferidas na hora errada e raivinhas passageiras só mostraram isso: são passageiras. Irmão briga, se escabela, grita, chora, bate, morre de raiva, mas depois, nem morre nada. Passa tudo, e passa pra cá um copo de cerveja, um pacote de salgadinho, um pedaço de bolo, uma roupa emprestada, tá tudo certo, tudo bem.
É aquela velha história... escolhemos os amigos, não escolhemos os irmãos. Mas se existe o arquiteto do destino, ele acertou muito bem na escolha. Nos colocou juntas no mesmo sangue, na mesma casa e na mesma vida. Apesar de uma ou outra diferença, sabemos bem mais das semelhanças, dos olhares decifrados, do riso e o medo compartilhado, da cumplicidade e do amor.
Que assim permaneça sempre. Aqui, em Santa Rosa, em Pelotas, onde o destino nos colocar, longe, perto, ou em pensamento.

Sei que a vida vai aprontar..e o que vier, azar.
a dois é fácil segurar
Se Deus deixar, viu
meu amigo
Vou sempre estar aqui
Junto a ti, feito corpo e alma
meu irmão, meu par

felicidades mil, sorella! FELIZ 19 aninhos!!
[aqui, ó, e só pra nós, aproveita e muito essa vida loca!]