sábado, 6 de abril de 2013

o humor que chora

Aqueles carinhas que fazem, todos os dias, a gente enxergar pessoas com fones de ouvido rindo aparentemente sem motivo no trânsito, no ônibus, na rua, resolveram vir até Santa Maria hoje. Eles quiseram emprestar pra nós um pouco da alegria do Pretinho Básico, e se sentiram na dívida de nos entregar um pouco de humor depois de tanto peso triste e cruel desde o fim de janeiro.
Lá veio toda a tropa no início da tarde, instalou-se no prédio da reitoria e atraiu risadas, olhos curiosos, câmeras fotográficas, gritinhos histéricos...
E cumpriram a missão... Depois das 13h o Salão Imembuí ecoava de gargalhadas. Teve piada censurada pro horário - que escapou. Teve a aparição do Almir, do "Geiso", do "Faustão", as piadas velhas do Porã e as do Potter... rolou piada até com o reitor. Mas não foi só isso.
Hoje, durante o programa, depois que um pai falou sobre como estava levando a vida após a perda do filho na tragédia, eu vi uma cena simplesmente paradoxal. Que, penso, ninguém ali dentro imaginava ver.
Paradoxal? Sim. Alexandre Fetter escorou a mão sobre o rosto e desandou num choro (antes) contido. Chorou. Sim, o Fetter que brinca, solta palavrão e comanda os brincalhões, embargou a voz, engasgou, abaixou a cabeça, pausou e chorou. Poxa vida, ele mostrou que o Pretinho também chora. Os caras mais escrachados do FM gaúcho também entristecem. Também são complacentes, solidários. Eles também são pais, irmãos, amigos. Também sofrem e vieram chorar conosco. Claro, porque eles vieram sorrir conosco, vieram nos dar o riso que só eles proporcionam, mas nada mais solidário do que deixá-los chorar também, já  que ainda não tinham sentido de perto todo o turbilhão de sentimentos que rolam em Santa Maria, quando se cruza pela Andradas, quando se atravessa a Rio Branco, quando se entra na UFSM, quando se enxergam os prédios do Centro de Ciências Rurais, quando se abraça um pai que perdeu um filho, quando se vê rostos jovens daqui cheios de uma coisa linda chamada... vontade de viver.
Fetter chorou  e foi consolado, recebeu um afago e o abraço do pai que perdeu o Vinícius.
Fetter chorou e humanizou aqueles carinhas que algumas pessoas às vezes pensam que as vidas se resumem às piadas nas ondas do rádio. Fetter chorou e fez a gente chorar. E saiu daqui com abraços solidários.
Os pretinhos voltaram com a missão cumprida. O Fetter me disse que achava estranho dizer que estava alegre por fazer o programa aqui, em virtude de um fato triste. Não ache estranho, Fetter. Todos achamos alegre, mesmo sabendo o motivo. Porque eles, que não mais estão aqui, também achariam. Foi divertido. Feliz. Leve. Sorrimos. Era o que precisávamos. Tu nos emprestaste a alegria do Pretinho. Te emprestamos nosso ombro e solidariedade. Obrigada.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

searching for Rodriguez

Imagine um cara que faz um som muito, muito bacana que encanta qualquer amante de música boa. Mas você nunca viu o rosto dele. Tudo a seu respeito é envolto em mistério, não se sabe sequer o seu nome verdadeiro nem de onde a criatura vem. Mais: tudo o que se ouve é que o cara teve uma morte esdrúxula, tipo atear fogo no próprio corpo em cima de um palco no meio de um show. Então.
Não falo mais porque acabei de ler em uma crítica - e concordei - que quanto menos se souber de Searching for Sugar Man, melhor. O que posso dizer, sem estragar a surpresa de quem quiser assistir, é que o documentário (que levou o Oscar 2013 de melhor documentário) é sur-pre-en-den-te. Assisti sem saber nadinha. A única coisa que conhecia era uma das músicas da trilha (Crucify your mind), que me foi apresentada pelo Giulianno (que me passou o doc).
Estamos falando de Rodriguez, um "famoso desconhecido" de Detroit, que foi comparado a Dylan nos anos 70. Na África do Sul, segundo produtores musicais, chegou a ter mais sucesso que Rolling Stones.
Além da história, especial por ser originalíssima e real, a trilha sonora, do próprio Rodriguez, é demais. Músicas que, na época, foram um fracasso de vendas nos Estados Unidos, mas um boom arrebatador de sucesso na África.

Não lembro de ter visto documentário permeado de suspense como esse.


Podia falar mais, mas não quero estragar nada. Quem assistir, me chama pra uma conversa!