quinta-feira, 7 de julho de 2011

vamos viver a faixa?

Era domingo de Páscoa. Eu entrava na cidade pela avenida Dores, voltando de Santa Rosa com meu primo, por volta das oito horas da noite. Um engarrafamento estranho, e uma multidão logo a frente. O instinto curioso me fez sair do carro, que estava parado na avenida por causa do congestionamento, e ir até a movimentação. Lá, um susto. Uma menina, cabelos pretos, pequeninha, caída e desacordada no chão. Uma senhora gritava por socorro. Nenhuma ambulância no local. Logo, peguei o telefone e liguei para a Clarissa, para avisar. O cinegrafista não chegou a tempo de fazer imagens. Por sorte, as ambulâncias chegaram em cinco minutos e levaram a menina ao hospital.
O tio da pequena segurava nas mãos um pé do par das botinhas que ela usava. Ele me explicou que a menina atravessava a rua, quando um dos carros parou para ela passar, mas o carro da pista do lado não a viu. A pequena estava na faixa de segurança. Qual é o nome dela? Ouço um quase inaudível Luísa Helena.
Ver a menina me deixou com uma sensação de impunidade. Não pude fazer nada, mas vi a criança ali, no chão, e a família em desespero, sem ninguém saber o que fazer. Mais de dois meses depois, descubro que ela continua no hospital: 64 dias. Não corre risco de vida, mas pode sofrer sequelas. A parte neurológica foi muito afetada e ela pouco responde aos movimentos do corpo.
A Luísa Helena foi só mais uma a ser atropelada na faixa de segurança, dias depois de um outro atropelamento, também na faixa de segurança, que causou a morte do padre Bernardino Trevisan. Como disse a mãe dela, Gabriela, Luisa Helena não foi a primeira e nem será a última.
Mas a prudência, a educação e a responsabilidade devem estar aí para modificar essas estatísticas. Pelo menos é o objetivo.
Por isso o Grupo RBS começou hoje a espalhar pela cidade um Viva a faixa bem grande, pra ser respeitada e cumprida. É um apelo às autoridades, pedestres e motoristas, mas acima de tudo, um apelo à vida.
Porque só quem sofre conhece a fragilidade da vida.
Minutos antes de ser atropelada, Luisa Helena saía da missa com os avós para descobrir o significado da Páscoa. Depois disso, não sabemos se ela teve algum momento de consciência. Foram segundos, um pé na faixa de segurança, um olhar desatento de um motorista, e uma consequência triste.
Torcemos pela recuperação da pequena, e pra que todos os familiares voltem a ver o sorriso dela. E principalmente, que não aconteçam outras situações como essa, que sabemos, não é a única. 
E ainda, que a educação no trânsito, aconsciência, o cuidado e o respeito à vida perseverem. É essa a bandeira levantada.Vamos viver e deixar viver. Viva a faixa.

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