domingo, 3 de outubro de 2010

a palavra que resta.

Ontem, indo pra casa, vi um homem segurando várias bandeiras de um candidato. Quando vi o senhor, que provavelmente estava com os ombros doloridos pelo peso das bandeiras, me veio uma pergunta na cabeça...
Que motivo teria esse homem pra carregar tanto peso nas costas? Será que ele realmente acredita no cara com o nome estampado naquele pano? O que faz uma pessoa colocar um adesivo no peito, gritar na rua, dedicar tempo e erguer bandeira a um candidato, que sabemos, quando entrar na assembeia ou no palácio, talvez nem lembre do seu rosto? 
O que motiva tanta gente a comprar ideias de uma pessoa que, talvez, mal conhece? Promessa de vida melhor? Ganhar uns trocos a mais carregando bandeira?  Precisa votar para não perder o emprego? Influência? Ou mlitância e ideologia mesmo? E os filiados, que tiram do bolso pra ajudar a sustentar campanhas, o fazem por quê?
É estranho, mas já me perguntei trilhões de vezes... no que essas pessoas acreditam? Já não viram o caos que isso tudo está? Como podem confiar? Ainda conseguem? E que critério usam para saber em quem confiar?

Mais estranho ainda, de repente, me vi numa situação quase que contraditória. Um adesivo. Na carteira, um santinho com a legenda. Uma "quase ideologia". Lá no fundo, uma ponta de... é.
Aí, hoje, no caminho do meu local de voto, comecei a pensar por um ângulo quase egocêntrico. O que mesmo eu estava fazendo? Por que eu estava indo votar, se a política está tão em descrédito e ninguém nesse país é decente? Ah, claro, os deveres.
Mas, no que eu acreditava mesmo? Por que tinha o santinho com todos os votos anotados na bolsa?
 Seria muito fácil anular ou votar em branco. Segundos apenas, e nenhum sacrifício pra pensar. Mas, o que me fez ir até a minha seção eleitoral, digitar 19 números naquela cabine e confirmar?
Fui pelo direito. E por acreditar.
Talvez tudo isso seja motivado por uma única palavra, aquela que o ditado avisa que não morre tão cedo. Talvez, aquele homem que carregava as bandeiras no ombro, também as carregava motivado por isso. Talvez, os rostos expostos com adesivos, faixas e gritos nas ruas, tenham um motivo além do dinheiro que ganham para carregar uma bandeira. E a militância que não ganha nada pra dar a cara a tapa e gritar o nome de candidatos, também deve pensar nessa palavra. Porque em alguma coisa é preciso acreditar. Porque não é possível que não exista decência. Porque não pode estar tudo acabado e jogado às cobras. Tem que ter algum jeito, alguma saída, algum raio de luz. Porque, ali, no fundinho, ainda resta um pouquinho dela. Ela sempre fica, no final das contas. Ela fica e justifica. Talvez seja ingenuidade boba, talvez esperança.

4 comentários:

  1. Tb fico pensando nisso quando as reportagens de tv mostram os comícios. No que aquela multidão acredita? Ainda idolatram seus candidatos. Ainda acreditam de algum forma. Passam talvez o ano inteiro falando mal deles, mas no fundo ainda têm esperança... enquanto isso na seção em que votei, estava um homem a minha frente. Um bafo de cachaça. Olhava para o chão procurando números nos santinhos jogados. Não tinha a menor ideia do que estava fazendo. Fiquei indignada, porque mesmo um pouco descrente, sou alguém que tb tem esperança.
    Muito bom texto Lici! beijão!

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  2. Prefiro pensar que seja uma esperança ingênua, mas esperança! Somos nós que podemos "fazer" um futuro melhor. Ontem na minha frente havia um senhor idoso, que há anos não precisava mais votar, mas estava lá para exercer seu direiro e defendendo a democracia! Isso me fez refletir ainda mais em como alguém pode votar no Tirica, Maluf ou Garotinho...Ignorância pura disfarçada com o rótulo de protesto.Mas ainda assim mantenho a minha esperança, apesar de indignada, percebi que existem pessoas que valorizam o voto como a honra!
    beijos Alice

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  3. Gostei do Texto Lici!

    VOTAR É UM DIREITO SAGRADO. A DEMOCRACIA É O MAIS JUSTO E BELO SISTEMA DE ESCOLHA DO GOVERNO.
    ESPERANÇAS COTIDIANAS QUE ESTÃO NO FUNDO DAS ASPIRAÇÕES LEGÍTIMAS DAS PESSOAS. – Agora utopia, amanhã plenitude.

    BEIJOS

    IRIO

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