quinta-feira, 25 de junho de 2009

Nostalgia II

foi quando, no meio da aula de Políticas, a professora mostrou o desenho de um "mambembe", em um slide no powerpoint. lembrei da nossa "fábrica de orvalho", em 2004, no grupo de dança. ah, deu vontade de transportar aquele grupinho pra cá e fazer mais uma daquelas apresentações. era uma das melhores que fizemos. e nos rendeu a abertura da noite final do Musicanto. nunca esqueço. as saínhas tuli azuis, amarelas e cor-de-rosa, as pequeninhas com as fitas brancas e as bolhas de sabão voando pelo palco, e as nossas flores no final. ainda sinto o cheiro das flores e do sabão das bolhas que estouravam.
Só quando a lua

Rende o sol no seu trabalho

Vai pra fábrica de orvalho

Pra essa terra iluminar

É que esse beco que de dia é solitário

Muda todo o seu cenário

Se permite despertar

São albergados, pierrôs enamorados...

Os palhaços mal-pintados

Os mambembes do luar

As colombinas

Piscam os olhos pros soldados

Que se tornam amarrotados

Com bravatas pra contar
sereno cai, ô... sereno cai, ô...
(Altay Veloso/Paulo Cesar Feital)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

ai, os plátanos

sei, o outono já foi, mas elas ainda estão ali.
se não estão mais penduradas nos galhos, já forram o chão e deixam as ruas e os pátios bem característicos, ou voam leves com o vento, denunciando o inverno que chega. não sei explicar, só sei de uma sensação boa e confortante, ver essas folhas, de tons esverdeados a amareados, douradas ou secas. é leviano. é charmoso. é poético.
é vento. é outono. eu amo os plátanos!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

meter a cara no travesseiro

porque quer abafar os soluços e deixar sumir as lágrimas sem notar. porque é bom desandar. porque a raiva tomou conta e é melhor morder a fronha. porque é melhor ninguém ouvir.
pois que seja fraqueza, então.

sábado, 20 de junho de 2009

sim, é claro que vou protestar



Depois de tanto suspense com duas votações adiadas, eis que surge o resultado: não existe mais a obrigatoriedade do diploma jornalístico. Foram-se quarenta anos, e então é derrubada a lei que exige o diploma para o exercício da profissão. Agora, um médico, um advogado, um professor, uma doméstica, todos eles, podem ser jornalistas. Eles não passaram por nenhuma aula de redação, nunca viram as técnicas de noticiabilidade, não ficaram quatro anos sentados em uma cadeira para aprender antropologia, sociologia, filosofia. E mesmo assim, lá estarão eles, em uma sala de redação, ou estúdio de TV, formando opiniões.
Afinal, os superiores ministros do Supremo Tribunal Federal, o que pensam? “O direito da liberdade de expressão é para todos”. Concordo, e também acrescento: o direito a ter uma informação de qualidade, também é para todos. E já que os cidadãos têm esse direito, merecem ser atendidos. Quem, não sendo qualificado, sabe informar devida e corretamente? Escrever bem, muita gente escreve. Mas há uma diferença abismal entre escrever bem e escrever bem jornalisticamente. Aí entram as técnicas, os aparatos que só serão adquiridos em uma formação acadêmica.
Talvez os ministros do STF não saibam o que consentiram no momento da votação. Talvez não tenham percebido que a decisão tomada no dia 17 desvalorizou a comunicação da sociedade, apunhalou os jornalistas por formação e deixará o jornalismo cada dia mais precário. Mas, querem saber? Não vou desistir assim. Alguém, um dia, em algum lugar, vai entender e valorizar o jornalista que pensa. E é isso que na academia se aprende, e nossos futuros “concorrentes não-diplomados” não aprenderão: a viver e a pensar como jornalista, de fato.

terça-feira, 9 de junho de 2009

a culpa é de quem?

eles não estão nem aí se seu celular era novinho e você recém pagou a primeira prestação. não querem saber se a sua bolsa estava recheada de documentos importantíssimos e papeladas que você guardou para conseguir aquele emprego. pouco se importam se você estava indo ao velório da sua tia ou visitar sua amiga no hospital. não querem nem saber se os únicos 20 reais que sobreviviam na sua carteira eram para o último rancho do mês.e vão mandar você pra aquele lugar se disser "por favor, deixe esse dinheiro que é para a cirurgia do meu filho que está morrendo". foda-se você e seus problemas. eles não se comovem. eles querem mesmo é saciar o desejo incontrolável e viciante, aquele desejo que os deixa como zumbis, alucinados, abobados, doentes, inconsequentes. e pra isso, serve a parada do ônibus, a rua supermovimentada à luz do dia, a porta do supermercado, a esquina de casa. servem a bolsa, seu celular ou dois reais. eles querem alimentar o vício, a merda da droga, o horrorizante crack. pra isso, nem pensam em medir consequencias, já vêm pra cima sem perguntar nada da sua vida, eles querem é a "vida" deles.


[a culpa é de quem?] aí entramos em uma longa discussão. mas pensando em uma resposta imediata, dá pra dizer que essa remessa violenta de assaltos por aí tem uma resposta: o crack. sim, você prova na primeira vez e já está viciado, a partir daí faz qualquer coisa pra conseguir a droga. até mesmo abordar alguém pra pedir dois reais(com uma faca na mão, claro).
mas, e a raiz do problema?
ah, crianças, vão para a escola. poxa, crianças, que estão fazendo na rua? ei, crianças, não fiquem aí, entrem, vamos estudar e ser alguém na vida. venham, crianças, o futuro é de vocês. viu, crianças, se não estivessem nas ruas... olhem, crianças, não estariam viciadas. sabiam crianças? seriam alguém na vida. sim, crianças, teriam um futuro só de vocês, e não acabariam ali, na próxima esquina com um tiro nas costas.