quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Vida efêmera

Acontece que hoje meu pai resolveu citar a palavra velho.
Estava eu comentando que não sou muito fã daquelas músicas tipo tunxtunx, quando ele diz - se tu que é nova não consegue ouvir essas músicas, imagina eu, que já estou velho! No ato, eu solto um pára, pai; e meu irmão, que velho o quê, pai! Tudo bem, e olha que meu pai não é nem um pouco velho, e ainda tá longe de chegar lá. Pode ser que ele tenha dito no impulso, naquela comparação idade-filha/idade-pai. Mas foi isso que me fez retroceder a memória e lembrar de um monte de coisas que passaram voando.
Aí lembrei de uns dez anos atrás, quando toda a família ia à praia, eu e minha irmã preparávamos naquela emoção os brinquedinhos pra brincar na areia, e o pai e a mãe, claro, com toda a disposição do mundo, nos ajudavam a fazer castelinhos e buracos até chegar à agua, a procurar conchinhas e nos seguravam nas ondas que nos levavam e nos faziam engolir água salgada.
E lembrei da primeira vez que arrumei minhas malas para ir à praia deixando em casa os brinquedos de areia. Eu olhava os brinquedos e pensava, tô muito grandinha pra brincar com esses baldinhos, mas chegava na praia e a vontade de brincar era maior que a vergonha de uma "quase pré-adolescente" sentada e suja brincando, aí improvisava tudo: as pás eram os palitos do picolé, os baldinhos eram os potinhos de sorvete.
Até que chegou a hora que a gente chegou na praia e queria mesmo era ver gatinhos. Movimento era pra nós. Nada de deserto, brinquedos de areia, castelinhos, ou se sujar. E banho de mar bem lá no fundo, onde a onda se forma.
E aí o tempo passou tão rápido que chego na praia e escuto meu pai falando que está velho. Não que ele esteja velho, mas, como eu, deve também ter percebido que o tempo passou mais rápido do que nós queríamos, que o tempo é algo fora do nosso controle. E é uma preciosidade toda essa vida, e é efêmera toda essa vida, e passa rápido demais. Mas enquanto tenho esse tempo, quero sentir bem o gosto dessa vida, suspirar e respirar fundo, e sentir que isso tem que valer a pena.

Como dois e dois são quatro,
eu sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade pequena. - Ferreira Goulart


P.S: Acho que vou começar a rezar pra Ogum. O Sol deve me odiar.

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