Há 19 anos, minha avó segurava um bebezinho na janela do Hospital de Caridade. Erguia como se fora um troféu, a roupinha branca e os cabelos bem pretos. Eu queria entrar e ver o bebê de perto, pegar no colo ou só acariciar o rostinho. Mas o senhor da portaria não deixou uma criança de dois anos e oito meses entrar na maternidade do hospital.
Não sei em que ponto acaba a memória e vem a imaginação, mas talvez seja essa a minha lembrança mais distante. Por vezes acreditava que a lembrança era sonho, e às vezes até confundo e penso que deve ter sido... Mas meu pai e meu irmão confirmam o que a minha memória guarda, e contam que foi mesmo naquele 14 de abril de 1992.
Essa é a mais remota, mas outras vêm à tona como se andasse numa viagem a caminhos bem coloridos. O bebezinho de cabelos pretos chegou e foi a melhor amizade para a loirinha que recém descobria a infância. Uma infância docinha, cheia de barbies, barraquinhas de lençol e castelos de areia. Inevitavelmente... o tempo construiu uma cumplicidade que não se compra, não se vende, não se substitui.
Muitos puxões de cabelo, arranhões que cicatrizaram, palavrinhas proferidas na hora errada e raivinhas passageiras só mostraram isso: são passageiras. Irmão briga, se escabela, grita, chora, bate, morre de raiva, mas depois, nem morre nada. Passa tudo, e passa pra cá um copo de cerveja, um pacote de salgadinho, um pedaço de bolo, uma roupa emprestada, tá tudo certo, tudo bem.

Que assim permaneça sempre. Aqui, em Santa Rosa, em Pelotas, onde o destino nos colocar, longe, perto, ou em pensamento.
Sei que a vida vai aprontar..e o que vier, azar.
a dois é fácil segurar
Se Deus deixar, viu
meu amigo
Vou sempre estar aqui
Junto a ti, feito corpo e alma
meu irmão, meu par
Sei que a vida vai aprontar..e o que vier, azar.
a dois é fácil segurar
Se Deus deixar, viu
meu amigo
Vou sempre estar aqui
Junto a ti, feito corpo e alma
meu irmão, meu par
felicidades mil, sorella! FELIZ 19 aninhos!!
[aqui, ó, e só pra nós, aproveita e muito essa vida loca!]